Duas demos, 600 reais, uma escolha

Triangle Strategy e Kirby and the Forgotten Land lançaram demos recentemente, e mostram ser tão bons quanto são caros

gabriel serra
6 min readMar 16, 2022

Não sei como vocês estão nesse início de 2022, mas eu ainda não tenho o meu próprio posto de gasolina ou empresa de cursos de empreendedorismo, então tá bem difícil encontrar possibilidade de comprar jogos da Nintendo.

Project Triangle já lançou, Kirby está pra lançar, Mario Strikers novo que eu tô doido pra jogar, Fire Emblem Warriors elevando a fórmula antiga, Advance Wars 1+2, Pokémon novo que eu ainda não sei se é hot or not, Xenoblade 3 (pra quem curte esse tipo de coisa”), tem de tudo, é um ano bastante movimentado.

Esse aqui vai ser GOTY, não tem como…

Ainda tem aquela pequena possibilidade da sequência de Breath of the Wild ser lançada esse ano, mas eu não apostaria nela.

Boa coisa então o fato de que a Nintendo está botando a mão na consciência e disponibilizando mais experiências gratuitas e demonstrações, afinal, pagar 300 pila num jogo que você não gosta tanto é um sentimento ruim o suficiente pra afastar as pessoas do Nintendo Switch e eles sabem disso.

Desculpe os fãs, mas Animal Crossing New Horizons é top 3 piores compras da minha vida.

Introdução burocrática fora do caminho, vamos ao que interessa: qualé a dessas demonstrações aí e por que você deveria ligar?

Triangle Strategy

O jogo é cheio de trocas de ângulos de câmera interessantes, usa bem os ambientes 3D.

Como um bom nerdolaço viciado em Fire Emblem, eu obviamente tô de olho nesse aqui faz um tempo. Pra quem não ficou sabendo, a Square Enix lançou uma demonstração pra esse jogo numa Nintendo Direct em fevereiro do ano passado. Desde então, ele foi bastante criticado e eventualmente adiado, talvez por questões relacionadas à pandemia ou à recepção crítica da demo, vai saber…

O fato é que eles mudaram o gameplay travadão da primeira demo, que simplesmente desincentivava qualquer abordagem diferente de “espere o inimigo e se defenda”. O jogo que foi lançado no dia 4 de março de 2022 é balanceado e flui muito melhor. Percebe-se muito mais claramente as diferenças entre as habilidades dos personagens sem tantas restrições no estilo de abordagem do mapa.

Também é bom que os inimigos não precisam de mais de 4 ataques pra morrer, isso tornava o jogo um tanto sofrível.

E como eu sei disso? Eles renovaram a demo do jogo também. Antes você acompanhava um trecho do meio do jogo, sem muito contexto nem nada, agora a demo consiste nos 3 primeiros capítulos e seu save transfere se você decidir comprar o jogo e continuar de onde parou.

A história, pelo menos no começo, é surpreendentemente cativante. O jogo fala de política de uma forma mais madura do que eu esperava. Por exemplo, quando o Symon Wolffort, pai do protagonista, Serenoa, discute abertamente sobre o casamento de seu filho e Frederica Aesfrost. Em teoria, eles fariam a união para selar a paz entre reinos historicamente rivais, mas nenhum dos dois faz parte da alta realeza e foram especificamente escolhidos por serem facilmente descartáveis em caso de necessidade. Uma premissa que é interessante sem ser exagerada e ao meu ver, explora bem os temas que surgem naturalmente através do worldbuilding medieval.

As batalhas são maneiras, tudo é bem sinalizado, mas ainda assim demora um pouco pra pegar o jeito da interface. Em Fire Emblem, você decide a ordem dos seus movimentos no seu turno conforme sua necessidade, mas Triangle Strategy não tem turnos separados, a ordem é definida individualmente com base na velocidade de cada unidade e os turnos se misturam entre inimigos e aliados. É realmente muita coisa pra ficar de olho e talvez só os sofredores amantes de RPGs táticos como eu vão conseguir entrar no flow das coisas.

Seus personagens vão morrer, mas dessa vez, tá tudo bem, eles voltam.

Também tem todo um ponto sobre convicções e suas escolhas afetarem a história, mas na demo só se observa isso uma vez, no capítulo final. Nele, você é obrigado a escolher entre dois lugares para cumprir uma missão. Você entrega essa decisão para os seus aliados votarem e a única coisa que você pode fazer é tentar convencê-los a mudar de voto, se for o caso. Essa parte me vendeu Triangle Strategy, honestamente. Quero muito conhecer as diferentes ramificações dessa história e saber quão difíceis ficam essas dinâmicas de eleições mais pro final do jogo.

Muito engraçado os bonequinho VOTANDO!! kkkkkk

Achei foda. Inovador e derivativo no ponto certo. Uma pena custar 300 reais.

Kirby and the Forgotten Land

Essa transição entre a cutscene e o jogo é boa demais.

Os jogos do Kirby, não importa a nota do Metacritic, costumam cair em esquecimento antes de eu conseguir terminá-los. É uma constante. As ideias levantadas são interessantes, mas me parece que nunca são exploradas o suficiente em prol de manter o jogo simples para a faixa etária alvo.

Kirby and The Forgotten Land é outra parada. É basicamente “Kirby Odyssey”, pelo menos baseado nos 3 níveis presentes na demo gratuita disponível na eShop. A maior diferença para Mario Odyssey sendo o combate, que é mais enfatizado do que as plataformas. Na verdade, são mais arenas para as batalhas do que obstáculos por si mesmos.

Simples, fácil e fofo. Como Kirby tem que ser.

É uma mentira dizer que esse é o primeiro jogo 3D do Kirby, porque vivemos num mundo pós Kirby Air Ride, portanto essa constatação é basicamente sacrilégio.

Mas é verdade que esse é o primeiro jogo em que o Kirby pode se mover “livremente” (o que é liberdade, afinal?) em um ambiente tridimensional, pulando, fazendo cambalhota, consumindo a alma de seus inimigos e extraindo seus poderes, essas paradas clássicas do Kirby.

Acho que o hook desse jogo é essa parada de engolir objetos gigantes e virar meio que um híbrido do objeto com o Kirby. Tipo o Rotom em Pokémon, nesse jogo o Kirby vira um carro, uma máquina dessas de refri, ou um cone gigante, que eu acho que é meu favorito.

O carro é o mais chamativo, no entanto.

Você só pode usar esses poderes em partes específicas dos níveis, o que é um pouco decepcionante, seria legal poder quebrar os níveis com poderes bizarros depois da primeira vez que você completa. Talvez seja desbloqueável na versão do jogo que os filhos dos donos de postos e empresas de cursos de empreendedorismo estão jogando, mas infelizmente não saberei.

A versão completa ainda não lançou no momento em que escrevo esse texto, mas já sei que não vou comprar. Se você tem um parente mais novo, irmã, irmão, prima, sobrinho, filha, sei lá, considere, porque você vai gostar do jogo e eles também. Sem uma mini pessoa pra jogar isso junto, acho que a experiência não vale o preço.

O cone é muito divertido e o design de níveis é preciso e fofo.

Um breve reclame de um fudido:

Falando na moral agora: 300 reais é um preço bizarro. E eu falo isso aqui não porque eu acho que minhas palavras têm qualquer tipo de influência sobre qualquer coisa relacionada ao preço desses jogos, mas sim porque eu acho que qualquer pessoa que se importa com jogos deveria começar toda conversa sobre a Nintendo mencionando esse absurdo, de tão grande que é.

Eu quero muito conhecer o continente de Norzelia e interagir com as mecânicas de Triangle Strategy. Eu quero menos, mas ainda quero conhecer todos os poderezinhos do Kirby e as boss fights que eu tenho certeza que devem ser espetáculos legais, mas mesmo se eu tivesse condições de gastar o que hoje é quase um terço do meu salário, não ia rolar não. Sai fora.

Comecei o texto sem saber onde ia chegar. Cheguei aqui. E acho que já deu.

Deus abençoe pirataria.

Forte abraço do seu youtuber indie favorito, é nóis.

Se tiver afim de uns vídeos, tome!!!

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gabriel serra

o maior leigo do brasil! tenho um canal no youtube e aqui eu escrevo sobre games e sobre jogos.